segunda-feira, outubro 22, 2007

Blog do Eu Sozinho

O Google Analytics, ferramenta da qual me utilizo para notar o nível de frequência de visitas que fazem ao "Pior é a Guerra!!!", destacou uma coisa curiosa esse fim de semana.

Clique na imagem pra ampliar

0(zero) visitas de sexta a domingo. É como algum daqueles candidatos a vereador que não recebem voto nem da mãe,tá ligado? (minha mãe não acessa meu blog, de fato...hehe,mas...)

O pior é que no longo período de setembro e outubro que fiquei sem postar, não ficava no zero. Tinha ao menos uns 4 gatos pingados todo dia pra marcar presença.

Acho que o macete é deixar no abandono mesmo. :P

quinta-feira, outubro 18, 2007

O Homem que Desafiou o Diabo (2)

Como todo bom filme deve ser coeso, não dá pra apontar em cenas isoladas de "O Homem que Desafiou o Diabo" um requisito pra merecer toda a obra.

Mas devo ter exagerado em algumas coisas. Na verdade, a cena em que aparece Hélder Vasconcelos - ex-integrante da banda pernambucana Mestre Ambrósio, no papel do Cão Miúdo, vale pela gestualidade folclórica com que o sujeito encarna o coisa ruim.




Lembro de dois shows de Mestre Ambrósio que presenciei em um só final de semana de 2001, em São Luís-MA, em que Hélder encarnava uma velha, conhecida pela tradição popular, como "Usina". "Usina" é a música homônima do grupo, uma velha que teve dez filhos de uma vez só e, com o passar dos tempos, cada qual padeceu por não ter dado certo na vida.



A performance de Hélder como a velha era fantástica - é pena que não tem registro no YouTube - com uns trapos velhos e com uma corcunda disfarçada, chamava os homens do palco pra dançar por tiração de onda. De certa forma, tem uma imagem da "velha", num desses shows do Mestre Ambrósio já captados.



Saudoso Mestre Ambrósio. Seria bom a sua volta.

quarta-feira, outubro 17, 2007

O Homem que Desafiou o Diabo

"O Homem que Desafiou o Diabo" não vale uma resenha.

Reafirmo: O filme "O Homem que Desafiou o Diabo", do diretor caça-níqueis Moacyr Góes, não o excelente "As Pelejas de Ojuara", de Ney Leandro de Castro.

"O Homem que Desafiou o Diabo" não vale uma cocada. Melhor, no vernáculo potiguar,"O Homem que Desafiou o Diabo" não vale o cú que o piriquito roa. Perdi dinheiro. Perdi tempo. Duas horas intermináveis de bobagem explícita, de má montagem, de má edição.

E não é querendo desagradar os conterrâneos fanáticos, que há muito não viam a produção de um filme todo feito por aqui. A impressão que dá é que a gente retrocedeu em matéria de bons filmes nacionais de temática regional. Mas não, não é verdade, temos "Auto da Compadecida", "Narradores de Javé", "Lisbela e o Prisioneiro", "O Céu de Suely". Conclusão: deve ser ruindade de Moacyr Góes mesmo. Nem com tanto investimento o homem faz um filme que preste (vide bobagens como "Dom" e aqueles filmes da Xuxa). Imagine um filme desses feito por Guel Arraes. Melhor,né?

Já "As Pelejas de Ojuara", o livro que rendeu essa "bomba", é fantástico. Fruto de uma revigoração da linguagem de cordel, escrito em 1982, Ney Leandro de Castro conseguiu elogios infindáveis de Carlos Drummond de Andrade e tantos outros entusiastas da literatura. O livro, sim, traduz um épico sertanejo. A sexualidade soa mais fluente e sem retoques. As aventuras tem uma continuidade e um ritmo compassado, o que não se vê nesse "O Homem que Desafiou o Diabo". A história flui sem sentido nenhum, sem explicação lógica, sem razão aparente. E o personagem Ojuara, do livro, tem vida própria, mas que ficou prejudicado no filme pela má condução de personagem e de suas histórias, o que é uma pena, vide o bom esforço de Marcos Palmeira.

As locações do filme são belíssimas: Acari, Carnaúba dos Dantas, boa parte do litoral natalense. Mas acho que é só. O filme, pra não deixar de criticar novamente, parece um carro alegórico sem rumo.

Mas quem quiser ver que veja, eu leria o livro. :)


Lançamento de livro de João Paulo Cuenca na Limbo Livros Selecionados

Esta notícia está sendo veiculada, até onde eu saiba, no site Jovens Escribas e no perfil da Limbo Livros Selecionados.

Vale a pena conferir o lançamento do livro. Não é todo dia que tem-se a oportunidade de vermos o lançamento do livro de um dos melhores escritores brasileiros da atualidade.




JOÃO PAULO CUENCA LANÇA LIVRO EM NATAL

O escritor carioca João Paulo Cuenca que vem ao Rio Grande do Norte para participar da Feira do Livro de Mossoró, lançará seu novo romance em Natal na próxima sexta-feira, dia 19.

O lançamento será na Limbo Livros Selecionados, Afonso Pena 666, a partir das 19h de sexta.

João Paulo Cuenca é autor do romance “Corpo Presente” e participou das coletâneas “Paraty para mim” e “Prosas Cariocas”. Já foi elogiado por grandes escritores como Chico Buarque, Marcelino Freire, Marçal Aquino, entre outros, e escolhido em 2007 pelo Festival de Bogotá como um dos 39 autores latino-americanos mais destacados com menos de 39 anos.

Em Natal e Mossoró estará lançando o seu novo livro “O dia de Mastroianni”, um irônico “romance de geração”.

Aniversário

Só pra constar: O blog fez aniversário dia 29 de setembro último. Não que isso queira dizer muita coisa. Mas pra não deixar batido....

Vou postar o link do "ABC do Preguiçoso", em homenagem aos pouco mais de 60 posts que publiquei em um ano.

O download é do CD "Cantoria 1", com Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo e Vital Farias.

É isso.



Abaixo, a letra da música:

Marido se alevanta e vai armá um mundé
Prá pegá uma paca gorda prá nóis fazê um sarapaté
Aroeira é pau pesado num é minha véia
Cai e machuca meu pé e ai d´eu sodade

Marido se alevanta e vai na casa da sua avó buscá
A ispingarda dela procê caçá um mocó
E que no lajedo tem cobra braba num é minha véia
Me pica e fica pió e ai deu sodade

Entonce marido se alevanta e caçá uma siriema
Nóis come a carne dela e faiz uma bassora das pena
Ai quem dera tá agora num é minha véia
Nos braço de uma roxa morena e ai d´eu sodade

Sujeito te alevanta e vai na venda do venderão
Comprá uma carne gorda prá nois fazê um pirão
É que eu num tenho mais dinheiro num é minha véia
Fiado num compro não e ai d´eu sodade

Entonce marido se alevanta e vai na venda do venderim
Comprá deiz metro de chita prá fazê rôpa pros nossos fiim
Ai dentro tem um colchão véio num é minha véia
Desmancha e faiz umas carça prá mim e ai d´eu sodade

Disgramado se alevanta e deixa de ser preguiçoso
O homi que num trabáia num pode cumê gostoso
É que trabáia é muito bom num é minha véia
Mas é um pouco arriscoso e ai d´eu sodade

Entonce marido se alevanta e vem tomá um mingau
Que é prá criá sustança prá nóis fazê um calamengal
Brincadêra de manhã cedo num é minha véia
Arrisca quebrá o pau e ai d´eu sodade

Marido seu disgraçado tu ai de morrê
Cachorro ai de ti lati e urubu ai de ti cumê
Se eu subesse disso tudo num minha véia
Eu num casava cum ocê e ai deu sodade

terça-feira, outubro 16, 2007

Rir ainda é um bom remédio

Vasculhando no You Tube por vídeos do grupo britânico de humor Monty Python, deparei-me com este vídeo, de 1989, do funeral do saudoso Graham Chapman ( o Rei Arthur de "Em Busca do Cálice Sagrado" e tantos outros personagens).



A extroversão dos parceiros de grupo, amenizando a dor da morte do amigo em tiradas cômicas, é um momento singelo e para aqueles que sempre se acostumaram com o brilhantismo e timing cômico do grupo - um deleite. Por que não superar o sentimento de perda com algo positivo? Certamente isto eles fazem bem neste emocionante vídeo de adeus.

Fico pensando quando um dos nossos ilustres humoristas mais velhos - Chico Anysio e Renato Aragão,velhas figuras tristes e aquém do brilhantismo de outrora, partisse desta pra melhor. Certamente, não teriam uma homenagem corajosa dessas pra posteridade. Passariam sim, por uma infinidade de pieguices arquitetadas por Xuxa, Faustão e cia. Teriam um funeral exibido ao vivo, com toda formalidade de praxe,mas sem a referência lúdica aos tipos que viveram na fase áurea de suas carreiras.

Nem uma homenagem sacana, o que seria uma pena.

Até pra ver quão desrespeitosos nós seríamos,né isso?

Keep Always looking at the bright side of life.

O impacto de Tropa de Elite


A minha primeira impressão, após terminar de ver o sensacional "Tropa de Elite", de José Padilha, foi a de um impacto que nunca cheguei a experimentar em nenhuma outra produção nacional das poucas que tive oportunidade de assistir.

A cultura nacional certamente lembrará de 2007 como o ano em que veio à tona um terreno nunca dantes navegado, entre o limiar da sobrevivência nos morros - retratado com muita franqueza pela figura dos atiradores do BOPE - numa seara antes abordada apenas por uma visão esquerdista tendente a tratar a violência como resultado de política social mal planejada, humanizando a figura do bandido dos morros - fruto desse caótico sistema de poucas oportunidades.

É claro que a visão da esquerda revigora, em parte, e não deve ser desmerecida. Porém, o que se vê em "Tropa" é justamente a preocupação imediatista de enfrentar a situação de violência de uma vez, e não esperando por um lampejo de benevolência do Estado Social para um planejamento a longo prazo. Daí, vigora a importância de se retratar o Estado de repressão - encarnado com autoridade pelo BOPE e por Capitão Nascimento, um homem no limiar entre a ética e o instinto de sobrevivência frente ao agonizante Morro do Turano, no Rio de Janeiro.

O tapa na cara, como muitos observaram, vem na endemia do sistema tráfico (banditismo do morro) - consumidor final (classe média carioca). A "consciência social" dos traficantes, tolamente interpretado pelos colegas do "aspira" André, nada mais mostrou do que um quarto poder subreptício e nocivo à paz social nos morros (já mostrado em 'Cidade de Deus") que a visão policial fez ainda mais questão de destronar, numa visão crua dos embates e táticas de guerra utilizados.

Num retrato humano dos três personagens principais - Capitão Nascimento(o contundente Wagner Moura), Aspirante André ( o surpreendente André Ramiro) e Aspirante Neto ( o inspirado Caio Junqueira), nada se faz mais coerente do que explanar o processo de brutalização pelo que os dois últimos passaram e pelo resultado final encarnado no primeiro.

O processo de brutalização é coerente e, pior, justificável, na medida em que observamos a situação de guerrilha urbana e na pouca esperança que se é dada numa corrupção policial endêmica e no descaso das autoridades federal e estadual.

Não é que se queira justificar a violência por si, mas um meio recorrente de práticas desumanas, impostas pelos policiais, encarna o instinto primitivo evidente nas corporações de elite, a qual, infelizmente, não se enxerga outra alternativa viável por ora para entornar a situação.

De certa forma, esse filme enseja um debate profícuo que não cabe, por si só, em um singelo post.

Digo uma coisa pra quem não viu: é um filmaço!!! E não aconselho assistir ao filme sob a ótica de uma visão canhestra e esquerdóide. É a realidade máxima que já se pôde verificar em uma obra de "ficção" (se é que se pode se chamar de ficção) nacional. E não se surpreenda em torcer mesmo pelas práticas de tortura do Capitão Nascimento. É justamente o que o filme pôe em cheque para o espectador, na análise da frase prefacial da película: "a situação é mais importante que o caráter ao determinar as ações de um indivíduo".

Nada mais oportuno para nós, sociedade, levar a debate este filme como forma de auto-aprendizado.

E só como uma frase final, pra relembrar o nome deste blog, digo que, sim, pior é a guerra. É neste caldeirão que nos enfiamos e estamos atolados até o pescoço.

Saudações. E agora sim,voltei.